Tenho 28 e uma mãe de 56 e fui criada num lugar de muita liberdade.

Ela sempre falou de sexo, proteção, descobertas. Minha mãe deixou que eu batesse minhas asas com a segurança de um ninho quentinho para voltar.

Me lembro vividamente do dia em que menstruei.

Era uma tarde de domingo, senti um desconforto (que na minha cabeça era dor de estômago) e já era aquela cólica avisando que ela estava chegando.

Fui ao banheiro, vi minha calcinha toda vermelha e naquele momento eu sabia exatamente o que tinha acontecido com meu corpo.

Foto Monika Kozub

Não foi uma surpresa, não foi assustador pois já tinha sido preparada para aquela hora.

Chamei minha mãe e mostrei minha calcinha. Ela me abraçou e me deu meu primeiro absorvente!

Foi lindo, foi literalmente um ritual passagem.

Tenho consciência de que não é assim para todo mundo sobretudo por limites sociais que criam afastamento entre pais e filhos.

Relatos de minha mãe: “Filha, eu tive que esconder a menstruação do meu pai durante 3 anos por conta da ignorância do meu pai. Ele tinha na cabeça que ao menstruar, a mulher automaticamente engravidaria se estivesse próxima dos meninos. Ela menstruou aos 9”.

A menstruação é cercada de mitos e tabus.

Que mulher nunca pediu baixinho um absorvente para uma amiga?

Que mulher nunca foi surpreendida por um vazamento?

Falando nessa vergonha que culturalmente pegamos para nós, existem raríssimas excessões de homens que entendem o período e possuem um olhar delicado.

O irmão da minha melhor amiga, ainda na época de escola, percebeu que uma garota estava com a calça estava manchada. Ele pegou sua blusa de frio e disse para que ela colocasse amarrada na cintura e no dia seguinte, deu uma rosa a ela.

Essa história deveria ser comum

Deveríamos descolar essa ideia de sujeira, posto que é apenas um fenômeno fisiológico.

Se você tem uma filha, comunique-se com ela e se entregue a esse momento novo que por muitas vezes é o início de uma e a despedida para outra e vocês podem se encontrar de uma maneira transcendental ao dividirem suas bagunças hormonais e se organizarem juntas.

E você, gatinha, que está começando a se transformar que tal buscar diálogos acerca do que te preocupa ou te causa curiosidade?

Eu te garanto que as chances de fortalecer uma amizade para além do laço fraternal são imensas. Tente 😉

@maisamirandda

28 anos, mãe do Noah, pisciana, apaixonada por cultura brasileira e incansavelmente criativa.
Cita com bastante frequência as frases de Fernanda Young, Maria Ribeiro e Rita Lee.
Formada em comércio exterior, se dedica à de projetos relacionados a comunicação e ao ativismo e sexualidade feminina.
Criou o primeiro jogo que une educação sexual e desafios num só lugar e atende por Máh Miranda

Deixe um comentário

Quer ajuda? inicie um chat